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29 de jul. de 2011

AS ESTRADAS SÃO O VETOR MAIS IMPORTANTE DO DESMATAMENTO. E DA CORRUPÇÃO!!!



Em minhas aulas nas disciplinas de ecologia, ou de política ambiental e desenvolvimento sustentável, ou outras similares, estou sempre chamando a atenção dos alunos para as consequências negativas advindas do nosso modelo de desenvolvimento. Refiro-me especificamente à questão da logística dos transportes e do nosso sistema viário, em geral. Desde o início da década de 1960, no governo do presidente Juscelino Kubitschek, que se optou pela produção de automóveis e demais veículos automotores, estabelecendo-se um importante polo de produção automobilística, em São Paulo. Sem dúvida, um grande centro industrial na América Latina, dispondo de mão de obra especializada, abundante, e situado próximo de dois dos maiores portos exportadores do nosso país: Santos e Rio de Janeiro. E no centro do maior mercado consumidor regional brasileiro, sul-sudeste, e ao alcance de forte comprador latino-americano, a Argentina.
E em assim sendo, o transporte rodoviário vem predominando no Brasil há décadas. Construir estradas num país com a dimensão do nosso e num clima tropical, é realmente uma façanha gigantesca! E conservá-las... maior ainda!!! Os vultosos recursos financeiros envolvidos nessas tarefas “dantescas” vêm gerando resultados catastróficos generalizados, principalmente a corrupção na manipulação das verbas (licitações fraudulentas, apadrinhamentos, “caixa dois” na política etc), como temos assistido às recentes notícias sobre a maioria esmagadora de responsáveis pelos mais diversos setores do Ministério dos Transportes, sendo demitidos sob suspeita de irregularidades. Tudo resultante, a meu ver, de dois fatores cruciais: a “genética” das nossas origens pró-corrupção e a tentação em não resistir ao “se eu tirar um pouquinho de tanto dinheiro... ninguém vai notar”. Algo já relatado na “tragédia dos comuns”, de Garrett Hardin. Ou, como bem dizia Oscar Wilde: “Sou capaz de resistir a tudo! Exceto à tentação”!!! Afinal, o Ministério dos Transportes tem uma dotação anual de R$13 bilhões. O da Ciência e Tecnologia é de R$6 bilhões (igualzinho ao do Congresso Nacional!!!).
E também como consequência desse “modelo”, destaco o papel direto das rodovias no desmatamento de nossos ecossistemas florestais; principalmente na Amazônia. Vejam os leitores a ilustração aqui anexada, de trecho da rodovia Rurópolis - Altamira, no Pará, com cerca de 530 km de extensão. Observem que o número de estradas ditas vicinais, de acesso a essa rodovia, estende-se por todo o seu percurso. Isso é lógico. Porque em qualquer ponto que se atinja a rodovia, tem-se acesso a este imprescindível “caminho do progresso”. É muito difícil se evitar que se construam tais estradas vicinais. E assim, os caminhos da devastação se ampliam desmesuradamente!
Vamos agora pensar numa ferrovia. Nesta, apenas algumas estações ferroviárias seriam construídas. A cada 100 km, por exemplo. E somente seria permitida a construção de algumas poucas estradas de acesso a essas estações. Não adiantaria construir estrada que desse acesso “ao meio da linha férrea”. E ainda vale lembrar que um trem transporta o equivalente, em carga, ao que 30 caminhões são necessários para transportar!!! Sua conservação é mais fácil de ser executada porque o controle do trânsito sobre ela é facilmente realizado.
E agora, o que nos resta? Lamentar ambas as tragédias brasileiríssimas! Corrupção e desmatamento!!!
BG.

20 de jul. de 2011

BELO MONTE TRAZ PESADELO LOGÍSTICO PARA EMPRESAS

"Estão pensando que é fácil?! É só derrubar a floresta amazônica e instalar uma grande obra para atender o progresso"??? "Imaginem a exploração de petróleo no meio da selva! Se ocorrer um 'desastre' como chegar até lá para remediar"???

[Reproduzido do site www.amazonia.org.br, escrito por André Borges - 18/07/2011]

Uma das maiores obras de engenharia em curso no mundo, a usina hidrelétrica de Belo Monte terá de ser construída no meio da selva a partir do nada e criar até mesmo a infraestrutura que torne possível sua existência - um pesadelo logístico de R$ 26 bilhões.
Peças de até 300 toneladas terão de vir pelo rio Xingu para um porto ainda inexistente. O atual, vive do tráfego de pequenas embarcações para transporte de passageiros e serve para pouca coisa. Um ambiente de trabalho para 22 mil pessoas vai requerer um aeroporto de porte compatível e o de Altamira, feito apenas para aviões pequenos, dará lugar a outro em que pousem Boeings. Não é uma tarefa fácil. A Infraero chegou a lançar o edital para a reforma, mas com a dificuldade de abastecimento e de acesso à região, nenhuma empreiteira se candidatou.
A péssima Transamazônica, a BR-320, que se torna ainda pior no Pará, onde será erguida a hidrelétrica, precisará de 700 km asfaltados para a construção da usina. Para movimentação de obras, homens e material, mais 400 km de estradas terão de ser abertas.
Se esses desafios fossem pouco, a Natureza coloca vários outros, alguns intransponíveis. Nos próximos meses começam a desembarcar unidades da série de 700 máquinas para as obras - de caminhões a retroescavadeiras, um total de R$ 4,5 bilhões em equipamentos - que virão principalmente pelo rio Xingu. A oscilação de vazão entre períodos de cheia e de baixa do rio é grande e muda o calendário dos trabalhos. "Quando se fala de janela hidrológica, não é brincadeira. Nessa região você trabalha seis, sete meses por ano. O resto do tempo é procurar um jeito de trabalhar", diz Luiz Fernando Rufato, diretor de construção do consórcio Norte Energia, responsável pelas obras.
Canteiros pioneiros, com tendas e ar-condicionado, começaram a ser erguidos no meio da mata. Funcionários passarão seis meses nessas bases provisórias, para construir os três canteiros definitivos e quatro refeitórios que, juntos, produzirão até 70 mil refeições por dia. Neles, haverá quartos com camas individuais, casa lotérica, caixa bancário, templo religioso, centros de lazer, “lan house” e lanchonete para vender, inclusive, cerveja. "E com álcool", completa Rufato. "Se você não consegue controlar algo, não adianta proibir. Mas quem quiser, vai ter de pagar um preço alto." Para reduzir a chance de conflitos, como os que ocorreram nas obras do rio Madeira, a contratação da mão de obra local terá prioridade. Treze mil trabalhadores já se inscreveram, e só 287 são forasteiros.
Crises políticas são inimigas imprevisíveis de Belo Monte. A suspensão temporária das licitações feitas pelo DNIT, do Ministério dos Transportes, poderá afetar a pavimentação da Transamazônica.
Energia: Infraestrutura precária exige plano detalhado para não atrasar obra. Bastaria camuflar máquinas e homens para que os primeiros movimentos que começam a se espalhar no entorno de Altamira (Pará) se confundissem com uma complexa operação do Exército. Não é nada disso. Mas o engenheiro Luiz Fernando Rufato prefere lançar mão de expedientes militares para definir o clima que passou a tomar conta das margens do rio Xingu. "Começamos uma campanha de guerra. Estamos longe de tudo e temos prazo para garantir o trânsito livre na região. Nosso desafio se chama logística, e nós começamos a enfrentá-lo", diz.
Os primeiros funcionários já estão em treinamento, aprendendo em videogames como operar caminhões, retroescavadeiras. Hoje são algumas centenas de homens trabalhando em um pequeno centro de treinamento, em Altamira. Em três anos, haverá 22 mil pessoas distribuídas em três canteiros de obra, no meio da mata da Volta Grande do Xingu, a cerca de 80 quilômetros dali.
A complexidade logística de Belo Monte, empreendimento orçado em R$ 26 bilhões, vai exigir todo o tipo de obra viária para que, durante seus nove anos de construção, o empreendimento transcorra como planejado.
Na cabeça dos gestores de Belo Monte está a preocupação de evitar os problemas que macularam as obras das usinas do Madeira, em Rondônia, além de dar uma resposta positiva à enxurrada de críticas que prevê o caos social, com a chegada de milhares de pessoas a uma região que é carente de todo o tipo de serviço básico.

18 de jul. de 2011

SÓ DEUS SABE O QUÊ...! ATÉ QUANDO, QUANTO E COMO!!!

Alô Marta Maria:
Suas observações aos meus ensaios postados no ecologiaemfoco são "meu combustível". Aliás, o único que tenho recebido!!! E por isso, estou anexando esta mensagem no www.ecologiaemfoco.blogspot.com. Estarei também sugerindo ao meu amigo Hugo Caldas que divulgue no seu blog, que ora aniversaria, www.hugocaldas.blogspot.com.
Não podemos dissociar a maioria dos nossos problemas ambientais da gerência política. Lembrete útil: o desenvolvimento sustentável somente será alcançado se for observada a ordem "ecológica, econômica e social". Esta é a ordem lógica. Conhecimento sobre meio ambiente é a base da legislação ambiental, que por sua vez, dá o suporte necessário a uma política ambiental correta e adequada (enfim, fundamentada em princípios científicos).
Estamos vivendo um período que considero crítico para a sociedade brasileira. Daí esta análise generalizada e superficial, mas nem por isso, inútil (penso eu), que discorro a seguir.
Não é difícil reconhecermos que estamos sendo bombardeados diariamente por notícias de corrupção (maioria dos políticos e autoridades), alta criminalidade (estão exterminando nossos jovens)... tudo isso acobertado por leis estapafúrdias: "ninguém pode apresentar provas contra si mesmo"; "assassinatos no trânsito cometidos por irresponsáveis embriagados são interpretados como acidentes de trânsito"; "benefícios financeiros maiores do que o salário mínimo para famílias de presidiários assassinos" e para as famílias das vítimas... a dor e a terrível sensação de impunidade e injustiça; "prisão, somente para aqueles que cometerem delito que os penalizem com mais de quatro anos de prisão", como por exemplo: "roubar e bater na vítima" (instrução passada por um advogado, não intencionalmente, na TV: "roube, mas não mate nem bata"!); "precariedade generalizada nos serviços públicos, principalmente nas áreas de saúde, educação e segurança", porque as leis que protegem esses segmentos essenciais dos serviços públicos não funcionam... etc.
E o governo, ao tempo em que se orgulha do aumento da nossa produção agropecuária mas abandona a logística, dos transportes da produção (um terço desta é perdido) está preocupado em construir estádios de futebol, que pelo menos (minha sugestão) deveriam ter uma ala, subterrânea, para prender os corruptos; que poderiam ser soltos em 2014, e os mais graves, em 2016. Isso, se cumprissem oito horas diárias de moral e ética e se tirassem mais de sete na PROVA FINAL. Acho que ainda seríamos capazes de reunir pessoas honestas que aplicassem e fiscalizassem as provas!!! Será que tais novos espaços seriam suficientes para prender todos os corruptos (dos aloprados do mensalão, dos ladrões nos ministérios, dos mil outros escândalos, dos ladrões das merendas escolares e dos medicamentos etc. etc. etc.)???
Será que conseguiríamos fazer passeatas diferentes das mais comuns (dos gays, da liberação da maconha)?!... reunindo pequenas multidões de cidadãos reivindicando melhoria na educação, saúde, segurança e, enfaticamente, maior rigor nas nossas leis para criminosos e corruptos (este último adjetivo é redundante, pois também cometem crimes). Não devemos esquecer em incluir protestos veementes quanto à questão dos salários dos políticos: os únicos "trabalhadores" que determinam os aumentos dos seus próprios salários!!! E o poder judiciário? Não estaria também na hora de fazer o "mea culpa"??? Finalmente, em quê ou em quem a sociedade deve mais confiar? Não vou nem falar no nosso "poder de polícia". Não quero me estender por esse labirinto social.
E para me deixar mais deprimido, na minha área de especialização, meio ambiente, tenho que "me contentar" com os discursos de lobistas do agronegócio, como o deputado Aldo Rebelo, que diz ter reunido "grandes especialistas" para defender mutilações no Código Florestal que permitem desmatamento em margens de rios e encostas e topos de morros. Uma IRRESPONSABILIDADE GIGANTESCA. Sem contar o perdão para desmatadores! E ainda temos que nos contentar com a notícia de que os cientistas brasileiros, reunidos no congresso da SBPC-Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (realizado há poucos dias em Goiânia) expressaram seus "desejos" de maior participação nas discussões sobre o Código Florestal Brasileiro. O que me induz à pergunta: "pra que diabo servem os cientistas neste bendito país, se suas 'súplicas' não são ouvidas nem tampouco respeitadas pelas nossas 'assumidades' parlamentares"??? Vale aqui o lembrete: o recurso destinado à manutenção do Congresso Nacional é precisamente o mesmo para Ciência e Tecnologia (R$6 bilhões anuais)! E depois, admiramos quão "sortudos" são os "tigres asiáticos", como Coreia do Sul, China, Cingapura, India... que nos vendem seus avanços tecnológicos!
Tudo isso que aqui descrevo não é um simples desabafo. Faço todo o esforço possível para: 1) Retribuir, com o conhecimento que adquiri na minha formação acadêmica no Brasil (mestrado na USP) e na Inglaterra (doutorado e pós-doutorado), o financiamento que recebi para isso, proveniente do POVO brasileiro. Acrescente-se a isso a experiência de ter executado pesquisas em várias Instituições, seja como estudante ou como pesquisador/professor, realizando investigações na maioria dos biomas brasileiros (amazônia, mata atlântica, cerrado, caatinga... e diversos tipos de cultivos). Sempre fui professor. Tenho por princípio preferir "trabalhar cabeças e não com cabeças"; geralmente viciadas e alicerçadas por distorções históricas! (isto, é cultural! fatalismo perverso que a maioria honesta tem medo de romper); por isso nunca aceitei cargos administrativos para os quais fui convidado. 2) Quero deixar registrado, para meus filhos, netos, bisnetos e futuros descendentes (educação ambiental e consciência cidadã não têm limites de gerações!) que não me omiti em nenhum momento em que esses descalabros estão sendo cometidos na presente geração precaríssima de inúmeros políticos, governantes e autoridades da administração em geral, nos três poderes constituídos.
O resto, é o título deste ensaio: SÓ DEUS SABE O QUÊ...! ATÉ QUANDO, QUANTO E COMO!!!
"Xêro"!
Breno.
PS. Tô postando no blog fielmente como me dirigi em mensagem para você, cidadã consciente (com "xêro" e expressões informais!)
BG