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22 de abr. de 2020

COVID-19 EM COMUNIDADES INDÍGENAS NA AMAZÔNIA


Reportado em Amazônia.org.br


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Na aldeia São José, no Alto Solimões, Amazonas, indígenas estão assustados com o poder de contágio da covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. Com 484 famílias, a maioria da etnia kokama, a comunidade tem diversos casos confirmados.
Alguns fazem parte da família de Edinho Kokama, liderança local. “Está muito difícil”, diz à DW Brasil por telefone. “Com a ajuda dos enfermeiros, tentamos isolar as entradas da aldeia para que ninguém de fora entre”, fala sobre medidas de prevenção.
Os doentes da região do Alto Solimões são a maioria da lista de 31 casos registrados entre indígenas até esta terça-feira (21/04). A pandemia provocou, até então, sete mortes, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Um outro óbito suspeito aguarda a confirmação. A vítima era um enfermeiro da etnia baniwa e havia denunciado, pelas redes sociais, a falta de testes para covid-19 e o colapso dos hospitais.
Para o Ministério da Saúde, no entanto, são três mortes confirmadas entre indígenas. A metodologia de contagem é motivo de controvérsia: o órgão considera como pacientes indígenas de covid-19 apenas aqueles que residem nos territórios. Os que moram em áreas urbanas ficam de fora dessa lista.
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Nos territórios, devido à falta de estrutura para atendimento dos serviços de saúde e de materiais básicos, como sabão e máscaras, o esforço se concentra no isolamento social. A estratégia, no entanto, é como uma agressão ao modo tradicional de viver nessas comunidades. Na cultura indígena, membros de famílias numerosas costumam dividir a mesma habitação, as refeições são compartilhadas, e todos trabalham juntos nos roçados e na confecção de artesanatos.
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Invasões na era da pandemia

Para muitas lideranças indígenas, as invasões “modernas”, da atualidade, trazem o mesmo risco. “Como medida de contenção contra a covid-19, nós pedimos a retirada imediata de todos os invasores, missionários, grileiros, garimpeiros, madeireiros, porque eles são vetores de transmissão”, diz Baré.
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No território ianomâmi, que ocupa parte dos estados de Amazonas e Roraima, o garimpo ilegal não para de crescer. “São mais de 25 mil garimpeiros. Eles já vêm com ameaças de morte pra cima da gente, arma de fogo, matam nossos rios. E agora trazem essa doença”, comenta Dario Kopenawa Yanomami. “A gente precisa de ação de verdade. As operações que aconteceram até agora só espalharam os garimpeiros. Eles ainda estão aqui.”
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