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23 de jan. de 2023

NOSSOS ÍNDIOS: NOSSAS ORIGENS. PATAXÓS.

Entre os anos de 1973 e 1975, como pesquisador do CEPEC-Centro de Pesquisas do Cacau (CEPLAC, Ilhéus-Itabuna, BA), realizei trabalhos de pesquisa em ecologia de microbiota do solo, em reserva de Mata Atlântica na vila de Barrolândia, município de Santa Cruz de Cabrália, BA. Foi na estação experimental Gregório Bondar, mantida pela CEPLAC. A pesquisa objetivou comparar a atividade microbiana de solo sob floresta e solo em que a floresta fora submetida à derrubada e queima. Mas o objetivo principal desta postagem foi motivada pelas minhas observações naquela época, do povo que habitava naquela região. Muitos dos habitantes com evidente semelhança com os autóctones: os índios Pataxós (ou os Pataxó, como mencionado no texto que se segue). Assim, vejamos: Os Pataxó vivem em diversas aldeias no extremo sul do Estado da Bahia e norte de Minas Gerais. Há evidências de que a aldeia de Barra Velha existe há quase dois séculos e meio, desde 1767 (veja Histórico da ocupação). Em contato com os não índios desde o século XVI e muitas vezes obrigados a esconder seus costumes, os Pataxó hoje se esforçam para avivar sua língua Patxohã e rituais "dos antigos" como o Awê. Através do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI)/FUNASA obtivemos dados concernentes ao conjunto da população Pataxó. O fato de não dispormos de informações sobre a metodologia utilizada pelo SIASI para a coleta desses dados dificulta a realização de uma análise detalhada do comportamento demográfico apresentado pelos Pataxó. No entanto, tratando-se de dados populacionais disponíveis não seria possível negligenciá-los, em face do que adotamos a estratégia de imputar-lhes uma certa confiabilidade, de modo a tomá-los como representativos do montante de Índios Pataxó que vivem na zona rural dos municípios de Itamaraju, Porto Seguro, Prado e Santa Cruz de Cabrália. Os dados do SIASI registram, para 2010, 11.436 habitantes (sendo 5.839 homens e 5.597 mulheres) distribuídos pelas aldeias Barra Velha, Aldeia Velha, Boca da Mata, Meio da Mata, Imbiriba, localizadas em Porto Seguro; Pé do Monte, Trevo do Parque, Guaxuma, Corumbauzinho e Aldeia Nova, estabelecidas em Itamaraju; Coroa Vermelha e Mata Medonha, em Santa Cruz de Cabrália; e, por fim, Águas Belas, Craveiro, Tauá, Tibá, Córrego do Ouro, Cahy e Alegria Nova no Prado, totalizando 19 aldeias. Se compararmos os dados totais da população rural destes quatro municípios que, segundo o Censo de 2010, perfaz aproximadamente 50.000 hab., chegamos à proporção de cerca de 1 Pataxó para cada 5 habitantes da zona Rural destes municípios, aproximadamente a mesma proporção de Índios/população rural do estado do Amazonas, que possui a maior população indígena rural dentre as unidades da Federação pesquisadas pelo Censo 2010. No estado de Minas Gerais, por outro lado, nos municípios de Carmésia, Itapecerica e Araçauaí viviam, segundo o SIASI, 349 pataxós (178 homens e 171 mulheres), que então representam 1,9% da população rural estabelecida nestes municípios. No Censo Demográfico 2010, os Pataxó compõem a tabela 1.14 - pessoas indígenas, por sexo, segundo o tronco linguístico, a família linguística e a etnia ou povo - com um total de 13.588 hab, sendo 6.982 homens e 6.606 mulheres. Já na tabela 3.1 - pessoas residentes em terras indígenas, por condição de indígena, segundo as unidades da federação e as terras indígenas - constam, na Bahia, apenas as aldeias Águas Belas (232 hab.), Aldeia Velha (928), Barra Velha (3.064), Coroa Vermelha (3.541), Imbiriba (397) e Mata Medonha (874). Em Minas Gerais, há referência apenas à Fazenda Guarani (246 hab.) (IBGE, 2012).

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