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11 de dez. de 2013

DESCOBERTO NOVO GAS DO EFEITO ESTUFA 7 MIL VEZES MAIS PODEROSO DO QUE O CO2

[Reproduzido do jornal inglês, on-line,  "the guardian"]

Um novo gás do efeito estufa 7000 vezes mais poderoso do que o CO2 foi descoberto por pesquisadores do departamento de química da Universidade de Toronto, Canadá.
Trata-se do   "perfluorotributylamine (PFTBA)".

Este gás tem sido usado pela indústria de produtos da energia elétrica, desde meados do século passado. Ele não é encontrado em estado natural.

"Atribui-se ao PFTBA, a mais alta eficiência radiativa de uma molécula jamais detectada na atmosfera até a presente data", afirmou a pesquisadora Angela Hong, uma das co-autoras.

O estudo, publicado no periódico Geophysical Research Letters, que o PFTBA, com poder 7100 vezes superior ao CO2 no aquecimento global, tem um tempo de permanência na atmosfera 100 anos a mais do que a do CO2.
Concentração dele na atmosfera, por exemplo, na cidade de Toronto, é muito baixa - 0,18 partes por trilhão, quando comparada às 400 partes por milhão do CO2. Portanto, o dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis continua sendo o principal responsável pelo aquecimento global. Mas devido ao seu longo tempo de permanência na atmosfera e o fato de que não é absorvido como o CO2, seu uso na indústria de produtos elétricos, transistores e capacitores, poderá oferecer riscos se cuidados não forem tomados na sua fabricação e aplicações.


9 de dez. de 2013

ASSENTAMENTOS DO INCRA GERANDO DIFICULDADES AOS PECUARISTAS NO PARÁ

[Reproduzido de www.amazonia.org.br]

Pecuaristas paraenses se declaram prejudicados pelo desmatamento e cobram do governo responsabilidade pelo aumento da taxa

O Sr. Mirandinha, presidente do sindicato de produtores rurais de Marabá, lamentou o fato de o município de Marabá não ter saído da lista dos municípios embargados do Ministério de Meio Ambiente, apesar dos produtores rurais terem reduzido de forma expressiva o desmatamento.
“78% do desmatamento do município, que lamentavelmente tem aumentado de 52 para 80 quilômetros quadrados, vem de assentamentos do INCRA (Instituto de Colonização e Reforma Agrária), onde há descontrole. Mas as consequências econômicas negativas de permanecer na lista atingem os produtores privados, que têm feito seu dever de casa”, afirma.
O secretário de estado dos municípios verdes do Pará, Justiniano Netto, confirma que em pelo menos seis dos treze municípios que permanecem ainda na lista dos embargados teriam condições para sair, se não fosse pelo desmatamento gerado nos assentamentos. Dos municípios do Pará que integravam a lista, já saíram Brasil Novo, Ulianópolis, Tailândia, Paragominas, Santana do Araguaia e Dom Eliseu.
O secretário municipal da Agricultura, Jorge Bichara, concorda: “mas a prefeitura pretende de qualquer forma sair da lista antes do fim do nosso mandato”, alerta. “E iniciamos trabalhar com sistemas agroflorestais em assentamentos para reverter essa tendência, mesmo que o apoio do INCRA tenha sido modesto”.
A saída do embargo permite que os produtores acessem linhas de crédito preferenciais previstas para os chamados “municípios verdes” e a inclusão dessas propriedades em programas de restauração florestal, destinados à redução do passivo ambiental.
As declarações foram dadas durante evento que aconteceu ontem (4), em Marabá, no Pará e que tinha por objetivo gerar sinergia e articulação das ações dos diferentes elos da cadeia da carne, com o intuito de promover boas práticas produtivas. Participaram dos debates representantes do MPF, da indústria da carne, pecuaristas, representantes da sociedade civil, sindicatos, redes varejistas e representantes do governo e do setor financeiro.
Fonte: Amazônia.org.br

5 de dez. de 2013

BNDES NA AMAZÔNIA: MUITO DINHEIRO MAL DISCRIMINADO E MAL FISCALIZADO

[Reproduzido de www.amazonia.org.br]

A Amazônia que o BNDES financia


Concluída em 2011, a ponte sobre o Rio Negro, em Manaus, recebeu R$ 586 milhões do BNDES. A Pública obteve o contrato de financiamento da obra.
Pela lei de acesso à informação, a "Pública"  obteve 43 contratos do BNDES com grandes corporações nacionais para empreendimentos na Amazônia.
Nos calhamaços de papel assinados e rubricados diversas vezes por gigantes da economia brasileira – Vale, Eletrobrás, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Votorantim, Alcoa, dentre outros -, saltam cifras de 500 milhões, 1 bilhão, até quase 10 bilhões de reais. São os contratos de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a uma série de megaempreendimentos na Amazônia, que não são disponibilizados publicamente pelo banco, embora todas essas obras sejam custeadas com o dinheiro de impostos.
A "Pública"  entrou com um pedido de acesso à informação para obter os contratos dos principais investimentos do BNDES em projetos de infraestrutura na Amazônia brasileira e obteve 43 contratos que revelam detalhes sobre o financiamento de projetos de empresas e estados – as garantias exigidas, os compromissos socioambientais acordados – e descobriu que, na prática, muitas dessas obras desrespeitam o que foi assinado, contribuindo para muitos dos problemas que a reportagem vem encontrando ao longo da produção dessa série (LINK), motivando inclusive ações judiciais.
O curioso é que isso ocorre apesar da complexidade de procedimentos que o processo de obtenção do financiamento implica. Para pleitear um empréstimo, é preciso enviar um pedido formal, que tem de ser acompanhado de documentação específica de acordo com a modalidade de financiamento – o banco oferece 11 produtos diferentes, cada um com linhas de financiamento específicas. Esse documento inicial tem que conter dados gerais sobre a operação e dados específicos sobre o projeto em questão, incluindo informações sobre os aspectos econômicos e financeiros da empresa e do seu mercado de atuação; e sobre os aspectos jurídicos, com todos os estudos e licenças de operação e meio ambiente emitidos pelos órgãos responsáveis, como o IBAMA ou a Secretaria de Meio Ambiente.
Caso o projeto apresente algum impacto ambiental, são negociadas medidas de compensação através de outras linhas de apoio paralelas oferecidas pelo BNDES, voltadas ao meio ambiente. A empresa também responde a um questionário sobre os aspectos e impactos sociais da empresa e do projeto. Assim, o Comitê de Enquadramento e Crédito do BNDES, formado pelos 23 superintendentes do banco, classifica a operação com base nos riscos ambientais apresentados na proposta.
Só então o banco prossegue com a aprovação e a contratação do financiamento do projeto pela diretoria, formada pelo presidente, vice e sete diretores do BNDES. O contrato de financiamento não é disponibilizado no site do BNDES ou em outra plataforma ao alcance do público. No caso dos contratos internacionais, o acesso à Pública foi negado, mesmo pela Lei de acesso à informação.
Cláusulas são insuficientes para proteção de direitos humanos e meio ambiente

Mina de Carajás, da Vale, vista de satélite em 2009. Extração de minério recebeu seguidos investimentos do BNDES, assim como a estrada de ferro e o complexo logístico de embarque através do Maranhão.
Através da análise dos 43 contratos aos quais a "Pública"  teve acesso, foi possível perceber que mesmo com tantas exigências formais por parte do BNDES, as cláusulas que dizem respeito à proteção dos direitos humanos e meio ambiente são estipuladas, em sua maioria, através de parágrafos padronizados, e não garantem o cumprimento de compromissos de acordo com a especificidade dos projetos.
Por exemplo, a frase “manter em situação regular suas obrigações juntos aos órgãos do meio ambiente, durante o período de vigência deste Contrato” está presente em todos os documentos analisados, bem como “adotar, durante o período de vigência deste Contrato, as medidas e ações destinadas a evitar ou corrigir danos ao meio ambiente, segurança e medicina do trabalho que possam vir a ser causados pelo projeto”.
Não há detalhes tampouco nas Disposições Aplicáveis aos Contratos do BNDES, destinadas a todos os contratantes, que se limitam a estipular o cumprimento das obrigações estabelecidas por Lei, sem maiores acréscimos.“Até onde se sabe, não haveria uma customização. As cláusulas [socioambientais] não são desenhadas de acordo com o projeto, são cláusulas padrão”, critica Caio Borges, pesquisador da Conectas – ONG que promove os direitos humanos na África, América Latina e Ásia.
Na visão do pesquisador, o processo ideal para esses contratos envolveria três etapas: a elaboração de uma política de direitos humanos, a realização de auditoria em direitos humanos – “que criariam ferramentas operacionais [para] que essa política esteja efetivamente dentro da rotina e dos processos da empresa”, como explica Caio – e a criação mecanismos operacionais de denúncia e reclamação a exemplo das ouvidorias dos bancos multilaterais, como o Banco Mundial.
“Deve existir um canal institucional de diálogo em que uma pessoa que se sinta atingida possa ligar para o banco e dizer que aquele projeto está violando algum direito dela ou que alguma política do banco está sendo descumprida e que aquele projeto não está seguindo os procedimentos que o próprio banco estipula”, diz Caio que acredita que só assim, e com uma melhor fiscalização dos órgãos públicos responsáveis pela concessão de licença, seria possível estancar o uso de dinheiro público em projetos que descumprem as salvaguardas sócio-ambientais tanto no Brasil como em outros países.
De Belo Monte a imperatriz: licenças questionadas
É este o caso de diversos empreendimentos que tiveram suas licenças ambientais questionadas, como a polêmica usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. Mesmo após a Justiça brasileira determinar paralisação das obras por ilegalidade no licenciamento ambiental, o BNDES não divulgou qualquer modificação ou sanção em relação aos contratos de mais de 25 bilhões de reais firmados com o consórcio responsável, a Norte Energia.
E isso em um contrato que se destaca entre outros do BNDES por haver um maior detalhamento nas condicionantes socioambientais, entre eles, a obrigação de cumprimento das diretrizes dos Princípios do Equador, estabelecidas pelo International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial. Ali se estipulam as regras para avaliações ambientais; proteção a habitats naturais; segurança de barragens; populações indígenas; reassentamento involuntário de populações; trabalho infantil, forçado ou escravo; projetos em águas internacionais e saúde e segurança no trabalho; dentre outros.
Já na construção da usina produtora de celulose da Suzano, em Imperatriz, no Maranhão, objeto de um contrato de mais de 2,7 bilhões de reais, o BNDES determinou à Suzano “adotar, durante o período de vigência deste Contrato, medidas e ações destinadas a evitar ou corrigir danos ao meio ambiente, segurança e medicina do trabalho que possam vir a ser causados pelo projeto”. Entretanto, a construção da usina, em andamento no interior do Maranhão, está envolvida na morte de três funcionários, isso após o Ministério Público do Trabalho ter constatado, seguidamente, problemas de segurança no canteiro de obras. Uma das empresas envolvidas no projeto, a Imetame, chegou a se recusar a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta do MPT , o que mostra como, na prática, a lei é ignorada.
Confira aqui os 45 contratos que a Pública teve acesso.
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A série BNDES na Amazônia é uma parceria da Agência Pública com O Eco.
Fonte: Agência Pública