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https://oeco.org.br/reportagens/macaco-aranha-e-registrado-pela-primeira-vez-em-ponte-artificial-no-brasil/
DESTAQUES:
1) A realidade na Amazônia do Arco do Desmatamento é bem diferente daquela imagem de florestas a perder de vista. Encurralada pelo ritmo acelerado da destruição, a floresta, quando ainda existe, é comumente reduzida a fragmentos isolados por pastos, plantações ou cidades. Esse é o contexto do município de Alta Floresta, no extremo norte de Mato Grosso, onde uma iniciativa tem aberto passagem – literalmente – para macacos e outros animais transitarem entre as áreas remanescentes de mata, sem o risco de acabarem atropelados em alguma das ruas da cidade. O sucesso das passagens de fauna instaladas foi coroado com a travessia inédita dos macacos-aranhas – no primeiro registro do tipo para a espécie no país.
2) "É a primeira vez que um macaco-aranha é documentado usando uma ponte artificial no Brasil”, comemora a coordenadora do Projeto Reconecta, Fernanda Abra, responsável pelo Programa Alta Floresta Não Atropela ao lado da Secretaria de Meio Ambiente do município. A iniciativa, que teve início no ano passado, já instalou sete passagens de fauna em diferentes pontos da zona urbana de Alta Floresta.
A travessia inédita do macaco-aranha-da-cara-preta (Ateles chamek) foi documentada em junho e, desde então, a espécie se tornou usuária frequente das pontes artificiais. A imagem de um dos maiores macacos amazônicos, com seus braços e pernas compridos, acompanhados de uma enorme cauda preênsil, passando tranquilo pela passarela tem emocionado não apenas a equipe do projeto, mas toda a cidade.
3) A espécie, que recentemente teve seu grau de ameaça elevado de Vulnerável para Em Perigo de Extinção na mais recente avaliação nacional, sofre principalmente com a perda e desconexão de habitat, caça e expansão da malha viária.
O macaco-aranha é apenas uma das espécies que têm se beneficiado das pontes instaladas pelo programa no município. Entre outubro de 2024 e maio deste ano já foram quase 4 mil travessias.
4) Os usuários incluem outro primata ameaçado de extinção: o zogue-zogue-de-Alta-Floresta (Plectorocebus grovesi), também conhecido como zogue-zogue-de-Mato-Grosso – que já esteve listado entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo –, cuja travessia foi registrada pela primeira vez em fevereiro deste ano.
Outro ilustre frequentador das pontes é o pequeno sagui-de-schneider (Mico schneideri), descrito formalmente pela ciência apenas em 2021 e que ocorre apenas na Amazônia mato-grossense.
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