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13 de abr. de 2012

RIO +20: PARA CRÉDULOS E INCRÉDULOS





Desde a ECO-92, ou Rio-92,ou ainda Cúpula ou Cimeira da Terra, nomes pelos quais é mais conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada entre 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro, fiquei com muita desconfiança (para não dizer bastante cético), no que diz respeito aos resultados práticos de tais iniciativas, em prol do meio ambiente. O objetivo principal daquele encontro era buscar meios de conciliar o desenvolvimento sócio-econômico com a conservação e proteção dos ecossistemas da Terra.

A Conferência do Rio consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável e contribuiu para a mais ampla conscientização de que os danos ao meio ambiente eram majoritariamente de responsabilidade dos países desenvolvidos. Reconheceu-se, ao mesmo tempo, a necessidade de os países em desenvolvimento receberem apoio financeiro e tecnológico para avançarem na direção do desenvolvimento sustentável. A Eco 92 gerou importantes documentos como a “Carta da Terra”; “Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento”, “Agenda 21”, “Declaração de Princípios sobre Florestas” e as convenções da biodiversidade, desertificação e mudanças climáticas.

Sucederam-se outros encontros internacionais, desse tipo, e que tratarei numa outra postagem, porque a "estória" é longa! Por enquanto, chamo a atenção dos leitores para um "fiasco internacional" (por enquanto) oriundo da "politicagem em torno do movimento para salvar nosso planeta".

Trata-se do PARQUE NACIONAL YASUNÍ, na provincia Francisco Orellana, no Equador. Tem este parque uma área aproximada de 10 mil quilômetros quadrados, na amazônia equatoriana. É uma Reserva da Biosfera, da UNESCO, desde 1989.
O Parque abriga uma parte da Floresta Amazônica considerada a mais rica em biodiversidade do planeta. Ocorre que essa riqueza “verde” está assentada sobre as maiores reservas petrolíferas ainda não exploradas do Equador. Estima-se que existam 900 milhões de barris de petróleo no chamado campo petrolífero Ishpingo-Tambococha-Tiputini (ITT),daí o local ser também conhecido como Yasuní-ITT.

Lá vivem algumas tribos indígenas, com destaque para os Huaorani. Sua biodiversidade foi investigada e os resultados publicados na revista científica PLoS ONE. Copie e cole no seu navegador:

http://www.plosone.org/search/simpleSearch.action?from=globalSimpleSearch&filterJournals=PLoSONE&query=biodiversity+of+yasuni&x=10&y=9

O petróleo responde por 60% do valor das exportações do Equador e por quase 35% da receita do Estado, mas o governo federal, com o apoio da sociedade civil organizada e das comunidades locais, vem resistindo bravamente à opção de abrir o parque para a exploração do petróleo (são muitas, as multinacionais exploradoras de petróleo, "de olho no petróleo de Yasuní", inclusive a nossa Petrobrás, que igualmente às demais, diz estar "sempre muito preocupada com o meio ambiente"). E o governo do Equador o faz de maneira inovadora: quer o petróleo no subsolo em troca de compensação internacional. A ideia é patrocinar um caminho renovável para a matriz energética equatoriana e abandonar pouco a pouco a dependência de um recurso natural que é finito. O país precisa da "commodity" para financiar serviços sociais e infraestrutura. Por isso, pede uma compensação financeira de US$ 3,5 bilhões pelo petróleo de Yasuní. Essa quantia corresponde à metade do que o país receberia se exportasse o petróleo.

O projeto está em uma fase complicada, porque não levantou a quantidade de dinheiro que se esperava. Dados recentes apontam para uma arrecadação (até agora) de apenas U$100 milhões. Muito distante dos U$3,5 bilhões almejados! O que isso significa?
Este é mais um assunto a ser discutido no Rio +20.

Notícias mais recentes sobre essa iniciativa equatoriana podem ser vistas em:
http://yasuni-itt.gob.ec/

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